A Aposta de Pascal

A Aposta de Pascal, criada por Blaise Pascal, longamente apresentada no livro "Penseés", não é um argumento direto da existência de Deus. É um argumento que poderá ser considerado calculista, a favor de um comportamento humano de acordo com a existência de Deus, seguindo a "razão do coração". Este argumento tem mais ou menos o conteúdo que se segue:

Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, será beneficiado com a ida ao paraíso.
Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, não terá perdido nada.
Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, não terá perdido nada.
Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, você irá para o fogo eterno.


No entanto, este argumento é uma maneira muito tendenciosa para se tentar convencer as pessoas da possibilidade da existência de Deus. Se analisado, constataria-se que é uma falácia do tipo Argumentum ad baculum (Apelo à Força). A Aposta de Pascal afirma que se deve acreditar no Deus judaico-cristão, porém existem milhares outros deuses a serem considerados como existentes ou não. A crença no "deus errado", de acordo com a maioria das religiões, é punida da pior maneira possível. Portanto, as chances de acertar acreditando no Deus judaico-cristão são muito menores do que o estipulado por Blaise Pascal, que é de 50%. Outra coisa a se considerar é o fato de existirem "deuses não-documentados" com propriedades bem diferentes do que as estipuladas pelas Escrituras: onipresença, onisciência, onipotência, benevolência etc.

Esta "aposta" nos leva a acreditar em algum deus, com o pressuposto que isto é vantajoso você estando certo e insignificante se estiver errado. Depois basta a você escolher o seu deus, se será um Deus supremo, criador de todas as coisas e auto suficiente. Ou deuses com poderes limitados que necessitam até mesmo da existencia de um outro deus superior a este.

A Aposta de Pascal também pode ser usada para tentar-se provar que outras religiões estejam certas, como trocar as Escrituras pelos Evangelhos, ou pelo Corão, por exemplo. No entanto, o resultado, se devidamente analisado, mostrará que as possibilidades de se crer no deus estipulado são mínimas. A conclusão sobre o assunto é variável de acordo com as crenças de cada um. A Aposta, no entanto, independentemente das controvérsias religiosas, é um interessante jogo de raciocínio.

É de Blaise Pascal a frase "O coração tem razões que a própria razão desconhece". No fundo, a "aposta" nada mais é do que o homem seguir a "razão do coração", que diz que é somente em Deus que o coração humano pode verdadeiramente repousar. E, enquanto isso não acontece, permanece inquieto, como diria Santo Agostinho no começo do livro "Confissões".

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