O Intrigante Início do Cristianismo - A Bíblia do Ateu - Alfredo Bernacchi

Discussões sobre Jesus, por exemplo são mais fáceis de argumentação. Existiu ou não existiu e isso é tudo. Mais fácil do que o intrigante início do cristianismo (o de Jesus Cristo, mesmo), porque não houve um princípio de fato, Como por exemplo, a partir da história de João Batista, o que batizou Jesus.

Eu tive que pesquisar muito, e tentar responder muitas questões com relativo acerto, até resolver me aprofundar no tema e chegar a alguma conclusão razoável, porque muita coisa perdeu-se no tempo e são milhares de anos transcorridos para investigar e tentar encontrar as verdades dos fatos escondidas a sete chaves.

Primeiro que não houve um começo, mas uma modificação constante do que já existia. A religião é antiga, os mitos são antigos e a interação do Velho com o Novo Testamento parece ser proposital, para reforçar a credibilidade de um em outro e em vice versa. Também criaram vínculos com pessoas, fatos e lugares reais, para reforçar a mentira. Então, se houve um início, houve sim uma “época inicial” dessa história, quase uma era!

A filosofia vinculada à religião, os interesses políticos romanos, os interesses dos sacerdotes, o interesse do império romano controlar o povo, a necessidade popular de crer em alguma coisa, são fatores que fabricaram a nova concepção religiosa.

Vou ser obrigado a citar trechos de textos de terceiros, porque é da miscelânea de visões e conceitos diversos que tirarei as conclusões para o leitor de A Bíblia do Ateu.

O meu modo mais simplista de ver a coisa, está representado numa resposta de e-mail que fiz a um colega. Vejam:
 





Caro Alfredo.

Em que momento eles inventaram a historia de Jesus Cristo?

Em outro momento, em que data falsificaram e adulteram os documentos?



Oi Márcio.

A história de um mito qualquer com traços bem similares aos de Jesus, já vinha de mil anos atrás. Krhisna, Baco, Horus, Mitra etc. Os Essênios (judeus) tinham também o seu mito (Chrestus - O mestre da Retidão), pois esses esperavam o mesmo Messias de todo judeu. A história muito semelhante à de Cristo já estava desenvolvida pelos Essênios (comprovações nos documentos do Mar Morto). Esses judeus eram agressivos, arruaceiros, politizados e perturbavam muito o império romano. (acabaram expulsos de Roma e tiveram Jerusalém destruída).

Os sacerdotes, para facilitar o domínio romano sobre esse povo, aproveitaram-se das tendências populares e uniformizaram essa história, juntando manuscritos populares novos e antigos, selecionando-os lá pelo ano 300 d.C. Possivelmente os reescrevendo. Ainda não havia o nome Jesus, mas o de Chrestus ou Cristo, um qualificativo que parece significar "ungido". Uns 60 anos após o ano zero cristão (veja a data correta no meu livro), os sacerdotes romanos inseriram o nome Jesus, no que era antes chamado “o Carpinteiro” apenas, que passou a chamar-se Jesus o Cristo, e mais adiante Jesus Cristo. Essa novidade foi de interesse dos sacerdotes e iniciaram-se a intensamente copiar e reescrever e escrever novas histórias do Jesus Cristo (a nova onda religiosa) incentivada e financiada pelo império romano   conforme o entendimento e necessidade de cada comunidade religiosa, em cada bairro, em cada igreja, em tal quantidade que chegou a atingir a  4 mil escritos nos anos 100 a 300  que se seguiram.

Quando a igreja resolveu uniformizar essa história (*), escolheu alguns textos desses ou escritos por eles mesmos e mandaram queimar os demais pois que havia muita discrepância entre as histórias que foram criadas em cima do mito Jesus Cristo. Escaparam dessa destruição aproximadamente 60 escritos, e mais um agora divulgado, o de Judas, que foram encontrados escondidos no Egito. São os conhecidos como “apócrifos”, definição dada pela própria Igreja, que quer dizer “falsos”.

Dizem que o Evangelho mais antigo foi o de Marcos, de sessenta e poucos anos após a morte de Jesus, e os outros partiram desse, como cópias, mas não existe nenhum original que comprove nada disso. Possivelmente baseiam-se em fatores subjetivos, como a língua, o tipo de escrita e terminologia usada na época, mas que ficou somente entre eles esse conhecimento. Eu não sei, realmente, de onde eles tiraram isso. Prova que é bom, nada! Original, nem pensar! Marcos não existiu. (sequer existiu).

Após selecionados os textos, avulsos e dispersos, a história de Jesus passou a ser escrita pelos sacerdotes romanos (posteriormente conhecidos como católicos) em imensos livros que viviam escondidos, tendo como base aqueles selecionados e sem qualquer autoria. Nessas escritas, que eram uma síntese da crença popular existente, criou-se à vontade aquilo que interessava, buscando, entretanto, manter a história divulgada e conhecida no meio religioso que já vinha de longe. Parece-me que quase 300 anos depois, essa história foi canonizada pela primeira vez num concílio determinado por um papa-imperador, e outros concílios mais vieram a seguir, mexendo aqui e ali, inserindo livros, tirando textos, modificando os escritos anteriores por mais 1000 anos, e assim depois de todo esse tempo, ainda assim retiraram alguns e inseriram os textos do Apocalipse. (esses números certos estão no meu livro). Estou lembrando mais ou menos.

Esses livros existem e foram dados a conhecimento popular no século XVI com a reforma protestante e de lá para cá se mexeu muito menos nos textos. São "cópias" do nada. De coisas que eles mesmos inventaram e dessas originaram-se mais cópias. Cita-se, entre os católicos, uma tal Fonte “Q”, como se houvesse ali os originais da Bíblia. No meu entender eram os escritos dos essênios encontrados agora em Qunram, mas isso é só um palpite.



Então, repare, não há originais dessa história, nem uma época distinta,  nem muito menos, autores, e nem mesmo uma só fonte. A história veio de longe sofrendo transformações e adaptações de acordo com a necessidade criada pelos religiosos. Os nomes Mateus, Marcos, Lucas e João, foram arbitrados para serem os autores dos escritos e esses personagens sequer existiram! Mitos antigos como Mitra, Baco, Horus, Khrisna, Buda, viraram Chrestus que virou o Carpinteiro, que virou Cristo, que virou Jesus Cristo, que tanto foi o bondoso encontrado nos livros canonizados, como o vaidoso assassino encontrado nos apócrifos. Assim como Judas era o traído excomungado encontrado nos evangelhos canonizados, agora é o melhor amigo de Jesus, como explanado no livro apócrifo dele próprio, recentemente traduzido. (Judas não existiu).



Como a igreja fazia tudo muito camuflado, fechado lá entre eles, e escondido, muita coisa não se tem um conhecimento exato em datas e aspectos, e outras coisas estão anotadas em estudos mais profundos da matéria.



Abraços.

Alfredo



*Busque informações sobre o Imperador Constantino o grande.



Entretanto, essa resposta não satisfez nem a mim mesmo, porque já não é a primeira vez que me questionam sobre isso. Naturalmente, chegará o dia em que questionarão a vocês também, é será bom ter uma visão mais categórica dessa história e não deixar dúvidas, porque elas surgirão.



No comentário do Padre JEAN MELIER encontrei informações interessantes: [comentários em azul são meus]



“A Origem do Cristianismo” é um livro do escritor Iakov Lentsman, editado em Lisboa pela Caminho, sobre as origens da seita cristã iniciada entre pescadores judeus. [Eu adquiri este livro espetacular agora, em 2009! Numa tradução feita em 1986]



O livro traz o resultado das investigações de teólogos e historiadores sobre os documentos e monumentos que esclareçam as origens da religião cristã.



Surpreendentemente, não foi encontrada qualquer documentação ou monumento [histórico] que comprove os relatos bíblicos, especialmente os relativos ao Novo Testamento e à história de Cristo. Os escritores e historiadores dos povos que conviveram com os cristãos não mencionam nenhum Jesus Cristo, nem se referem aos cristãos na palestina durante os primeiros duzentos anos da era cristã.



Judeus e romanos, povos cultos, contando com escritores e historiadores, nunca poderiam ignorar os fatos narrados no Evangelho, [se tivessem de fato ocorrido], pois fatos menores tiveram registro. Os romanos eram ciosos do seu direito, o famoso Direito Romano, entretanto não existe o processo do fundador do cristianismo, Jesus Cristo. O historiador judeu Flávio Josefo foi historiador dedicado que narrou os fatos mais importantes de sua época, mas não menciona nenhum Jesus Cristo ou outro profeta cristão morto nas condições descritas no Evangelho. E Flávio Josefo viveu exatamente na época em que Jesus teria vivido e fundado cristianismo. [Não exatamente, mas nasceu 40 anos mais pra cá...].



O único documento existente é o próprio Evangelho escrito e reescrito pelos próprios interessados mais de um século depois dos fatos, mas mesmo os evangelhos não existem mais no original, nem mesmo uma cópia nas línguas originais. As cópias mais antigas datam de 400 anos depois da suposta morte de Jesus e são a cópia da cópia, escolhidas entre inúmeras outras pelos bispos católicos reunidos em concílio. Existe uma cópia no Vaticano de alguns livros e outra na Inglaterra.



Tudo indica que Cristo é um mito criado pelos escravos judeus do Império Romano. Em torno deste mito formou-se uma seita dissidente do judaísmo tradicional. Posteriormente [300 anos após] o Império decadente adotou o cristianismo como religião oficial e organizou sua difusão pelo mundo. Difusão que dura até hoje.



É surpreendente que existam pessoas que acreditem em textos de origem duvidosa, escritos muito depois dos fatos que dizem descrever, mencionando personagens que provavelmente nunca existiram; textos cujos originais se perderam e que narram acontecimentos contados como verdadeiros por escravos analfabetos do Império Romano. É estranhíssimo considerar tais escritos como verdade sagrada e absoluta. [a palavra de Deus, para muitos].

O que as pesquisas científicas comprovam é que o cristianismo se originou entre os judeus expulsos da Palestina, residentes na Ásia Menor e no Egito. Não havia, originalmente, cristãos na Palestina, onde são minoria até hoje. Entre os judeus dispersos, escravos do Império Romano, desencantados com o judaísmo, surgiu a seita pregando que o Messias Salvador – esperado, mas nunca vindo - era um ser divino - o Cordeiro de Deus. O livro mais antigo do Novo Testamento, o Apocalipse, escrito nesta época, identifica as sete igrejas da Ásia onde a seita cristã nasceu. Interessante é que o livro não menciona Jesus Cristo, justamente porque foi escrito antes do surgimento do mito evangélico. Mesmo contra a vontade da hierarquia eclesiástica o livro foi incluído na Bíblia devido ao respeito que lhe era devido pela maioria dos fiéis.



Os textos do Novo Testamento foram redigidos pelos padres depois que o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, conforme as conveniências do governo imperial. Como religião oficial passou a controlar todo o mundo acadêmico, tornando-se senhora das escolas e controladora do saber científico, filosófico e até militar, através das cruzadas para ocupar a Palestina. Em conseqüência deste controle que durou aproximadamente mil anos, os escritores e cientistas foram forçados a se tornarem religiosos para poder estudar e trabalhar. Sendo assim, os textos evangélicos trazem muitas orientações verdadeiras, muitos bons pensamentos ao lado de muitos preconceitos e falsificações de todo tipo. Era tão freqüente a falsificação, que o autor do Apocalipse introduziu no final do texto, uma praga contra os copistas que suprimissem ou acrescentassem qualquer palavra ao texto original.



A “Origem do Cristianismo” (1986), cita os fatos que comprovam a gigantesca farsa que é o mito evangélico. Uma ideologia eficaz para exercer o controle social, transferindo para um "outro mundo" imaginário e futuro, a solução dos problemas reais do mundo do presente.



PE. JEAN MELIER [PE = abreviatura de Padre]

Procure no Google por  “arte/epicuro/livros/cristianismo”



Claro que isso vindo de um padre está de bom tamanho, mas o livro está à venda para você mesmo tirar suas conclusões. Eu gosto muito de citar informações obtidas entre os próprios religiosos, indignados porque são obrigados a aderir à farsa que lhes serve de sustento. Mas, vez por outra eles chutam o balde e ficam em paz com a própria consciência.



Busquei a respeito do livro do autor mencionado e encontrei num site:



A censura de fato aos textos mais vigorosos do materialismo continua. Pessoalmente, vim a saber que havia dúvidas sobre a a existência histórica de Jesus depois dos 40 anos ao ler o livro de Iakov Lentsman, A Origem do Cristianismo. Acredito que é o debate mais cuidadosamente escondido de toda a cultura ocidental.  O texto da tese de Marx foi editado uma única vez no Brasil pela Global e nunca mais foi reeditado. Mesmo em cursos de filosofia a tese de Marx sobre filosofia não é debatida. O principal livro do filósofo empirista e Ateu David Hume, Tratado da Natureza Humana, foi editado no Brasil este ano, mais de duzentos anos depois do lançamento. O texto de Aristóteles "Do céu" nunca foi traduzido. O problema é que nele há uma crítica fundamental à idéia de "criação do mundo". Para O Filósofo, a idéia é absurda, entretanto, contraria frontalmente a teologia dominante.



"A religião é o ópio do povo" é um pensamento claro para qualquer um capaz de pensar. Acusa a religião de alienar e entorpecer. Compara a religião com um droga, como a cocaína, a maconha, o álcool ou a nicotina. Afirma que a religião além de fazer o mal aparentando fazer o bem, ainda vicia. É um vício mental. Mas os ideólogos não se intimidam e tratam de torcer de todas as formas este pensamento claro. Usam de todos os sofismas, convocam todas as escolásticas, "interpretam" sob todas as metafísicas, valem-se do próprio pensamento dos marxistas para inverter o sentido da frase e tornar o "é" igual ao "não é" e assim afirmar que Marx "quis dizer" o contrário do que de fato disse.



 Para liquidar esse assunto de vez, comprei o livro em 25/10/2009. Acreditem mata a charada, em termos de informação e vou passar a vocês.



Iakov Abramovitch Lentsman, historiador europeu nascido na Rússia escreveu Proiskhozhdenie khristianstva em 1958, traduzido do Russo por L. Piatigorski, L'Origine du christianisme em 1963 na França, traduzido para o português de Portugal por Filipe Jarro, e Sravnivaia Evangeliia em 1967, original em alemão, Autorisierte Übersetzung von Maria Bräuer-Pospelova.

L'Origine du christianisme - "A Origem do Cristianismo" chegou até a mim.

Lentsman diz no seu livro:

“O autor desta obra não se impôs qualquer finalidade de investigador. Estabeleceu antes de tudo a tarefa de expor, utilizando os documentos já conhecidos desde há muito e as descobertas recentes, as condições que determinaram o aparecimento do cristianismo e de assinalar as principais fases da ideologia cristã e, por fim, de explicar <<como pode acontecer que as massas populares do Império Romano tivessem preferido, dentre todas as religiões, esse absurdo pregado pelos oprimidos e pelos escravos? - Karrl Max>>



Assim o historiador resume o pensamento de diversas correntes filosóficas a respeito do tema, tanto cristãs, desde o cristianismo primitivo, como não cristãs, dos séculos II anterior à nossa era, até o século III da nossa era, justamente no período conturbado, duvidoso e contraditório entre a evolução das lendas cristãs e as histórias comprometidas com a verdade, à luz da ciência.

Ele nos passa a informação repleta de conclusões de historiadores conhecidos na antiguidade de que o cristianismo sequer existia no século I e só apareceram os primeiros documentos que o vinculavam a partir do início do século II, desenvolvendo-se plenamente no século III. Exceção do Apocalipse de João, um livro místico que no máximo poderia se referia a um homem-deus e as primeiras epístolas de Paulo, que não menciona nenhum Jesus. Conclui com isso que Jesus Cristo é um mito e a estória foi totalmente fabricada a partir de deuses e inspirações anteriores, deuses egípcios, mitos Judaicos e dos essênios, inclusive dos textos do Apologista Cristão Justino, século II



Das suas 256 páginas desse livro eu reproduzo alguns flashs interessantes: (Destaques e inserções em azul, são meus).

Nota: Perdoem mas eu vou aportuguesar esses textos.



Pag. 10 - “Sendo a análise científica fatal para os dogmas ortodoxos, as investigações dedicadas à origem do cristianismo desenvolveram-se sempre num clima de aguda luta política. As tentativas de encarar  os documentos dos primeiros tempos da era cristã como fontes históricas, aplicando ao seu estudo os métodos científicos correntes, tiveram sempre a formal oposição da Igreja. .... O papa Pio XII, ao intervir num Congresso Internacional de Historiadores realizado em Roma em 1955, repetiu mais uma vez para os católicos que a questão da existência de Jesus depende da fé e não da ciência.”



Pag. 12-“A escola de Tubingen submeteu esses textos a uma análise sistemática .... Apontou diferenças e um grande número de contradições nos Evangelhos e demonstrou que a maioria das epístolas atribuídas ao apóstolo Paulo, tal como a conhecemos,  não pôde ser escrita antes do século II.”



“A escola de Tubingen, assinala Friedrich Engels, vai tão longe na investigação crítica quanto uma escola teológica pode ir. Admite que os quatro Evangelhos são arranjos ulteriores de escritos perdidos. Elimina da narração histórica, como inadimissíveis, todos os milagres e todas as contradições [com a realidade]; .... Em todo caso, tudo aquilo que a escola de Tubingen rejeita no Novo Testamento como apócrifo ou não histórico pode contar-se para a ciência como definitivamente eliminado.”



Pag. 13 – “David Strauss - Nos dois tomos da Vida de Jesus, mostrou irrefutavelmente, que os apóstolos foram buscar quase tudo o que dizem sobre Cristo em religiões anteriores ao cristianismo..... A. Weisse, contemporâneo e discípulo de Strauss apresentou por seu lado a hipótese de que  o Evangelho Segundo Marcos era o mais antigo e de que a inclusão de elementos míticos no Novo Testamento se explicava pela necessidade de lutar contra o gnosticismo  e a sua negação da natureza humana de Cristo.



Pag. 14 – “Bruno Bauer, professor de Teologia na Universidade de Bona, distinguiu-se iguamente pela sua análise dos primeiros escritos cristãos. .... publicou a Crítica dos Fatos Contidos no Evangelho de João e a Crítica da História Evangélica dos Sinópticos, obras em que demonstrou que os Evangelhos não são dignos de confiança como fontes documentais da vida de Jesus. .... Bruno Bauer sublinhou nos seus trabalhos posteriores (em particular em O Cristo e os Cézares) as fontes Greco-romanas, e não judaicas, do cristianismo. Segundo ele, a religião cristã era a síntese primitiva do estoicismo, corrente filosófica Greco-romana, e de um judaísmo helenizado. Tal conclusão levou, logicamente, Bauer à negação da realidade histórica de Jesus, o que provocou uma autêntica sublevação nos meios clericais. Teve que deixar o seu posto de professor na universidade, os seus escritos foram deliberadamente  ignorados e durante muito tempo sofreu todo tipo de perseguições.”



Pag. 15 – “A determinação da data aproximada e por vezes exata da composião das várias Epístolas do Novo Testamento pôs em evidência que a sua maioria é anterior aos Evangelhos. No entanto, Jesus é descrito nestes, com pormenores supostamente concretos, dos quais não se encontra qualquer rastro nos escritos cristãos mais antigos. Esta circunstância levou inevitavelmente todos os investigadores imparciais a concluírem que o Evangelho não é válido como documento sobre a existência de Jesus.

“.... (Engels) Sublinhou que, de início, a cristandade englobava um número infinito de seitas que travavam entre si uma verdadeira  “guerra pela vida” e cuja ideologia se reduziu a uma mistura de preconceitos e superstições. E que, se o cristianismo primitivo conseguira apesar de tudo conquistar as massas e impor-se, foi porque indicava uma saída às multidões de oprimidos dominados pelo desespero e por uma miséria sem nome, saída ilusória, é certo, porque situada no outro mundo.”



Pag.16 – Um grupo de historiadores burgueses, na sua maioria crentes, designados por “escola mitológica”, ultrapassou consideravelmente a escola de Tubingen no que diz respeito à crítica do Novo Testamento, proclamando que não se dispõe de qualquer prova científica válida acerca de Jesus como personagem histórico [ou seja é apenas um mito]. Esta idéia tinha sido primeiro enunciada pelos pensadores franceses do século XVIII, mas foram sobretudo os trabalhos da escola de Tubingen que contribuíram para o aparecimento da “escola mitológica”, no fundo continuadora da anterior. As dúvidas acerca da  realidade histórica do suposto fundador do cristianismo, tornaram-se efetivamente legítimas a partir do momento que se estabeleceu que o Evangelho datava do século II.



Pag. 18 – “W. Smith, cientista americano, procurava por seu lado demonstrar que muito antes do aparecimento do cristianismo, o nome de Jesus era apenas um epíteto [Inscrição em lápide de sepulcros] aplicado ao deus hebraico Iahvé, e que aqueles que veneravam Iahvé/Jesus se autodenominavam nazarenos. O mito de Jesus no Evangelho é interpretado por W. Smith como sendo pura alegoria.”

“.... Mas foi P. Couchoud, amigo íntimo de Anatole France, quem iria trazer algo novo ao estudo das raízes estóricas desse mito. Demonstrou de modo convincente que a objeção mais séria à tese da existência real de Jesus, derivava da sua representação sob um aspecto divino nos mais antigos escritos cristãos. (O Apocalipse de João e as epístolas atribuídas ao apóstolo Paulo). Para os primeiros cristãos, Jesus não era um homem mas um cordeiro imolado desde a criação do mundo. Segundo Couchoud, a biografia terrena de Cristo só surgiu no século II...”

[Claro que se Jesus tivesse existido seria visto como humano também]



Pag. 19 – “No início do nosso século [XX], entre as obras que se encontravam no Index, proibidas aos leitores católicos, figuravam as de Louis Duchesne e Alfred Loisy, grandes especisalistas  da história do cristianismo primitivo. O abade A. Loisy, um dos fundadores do modernismo católico, foi excomungado em 1908 pela simples razão de ter querido estudar as fontes do cristianismo à luz da ciência, e isto apesar da sua fidelidade à Igreja.

As conclusões a que chegou depois da análise das fontes, coincidem em muitos pontos com as da escola de Tubingem. Considera igualmente que os documentos que chegaram até nossos dias nada contêm de comprovativo sobre a vida de Jesus e, de um modo geral, sobre a ideologia das primeiras comunidades cristãs. Aos olhos dele, a narrativa evangélica justifica apenas a hipótese da existência de um protótipo longínquo de Cristo, que teria servido de modelo à lenda conhecida.

.... Os argumentos que os seus professores opunham à crítica racionalista do Evangelho eram tão frágeis que ele próprio começou a estudar essa crítica, movido pelo desejo sincero de defender mais eficazmente os dogmas do catolicismo” [e aí, deu no que deu...]



Pag. 23 – “Podemos efetivamente contar pelos dedos das mãos os padres que a exemplo de Bruno Bauer, Alfred Loisy, Albert Schweitzer [e Prosper Alfaric] não hesitaram em  pôr em perigo o seu conforto material e a sua posição social na defesa de suas opiniões científicas.”



Pag. 26 – “Os textos de Prosper Alfaric [ex-padre, historiador francês representante da escola mitológica na França] constituem a esse respeito, a única excessão conhecida do autor dessas linhas. A sua biografia faz lembrar em muitos aspectos a de Alfredo Loisy, mas foi muito mais longe do que este nas suas conclusões. Estudou no Instituto Católico mas, sagrado padre, renunciou ao título em 1910 depois da excomunhão de Loisy cujas idéias admirava. Em 1932 foi por sua vez excomungado por ter publicamente defendido as teses da escola mitológica. .... Tal como Alfred Loisy, Prosper Alfaric assinalou nas suas memórias a dificuldade sempre crescente de conciliar a fé tradicional com uma razão cada vez mais exigente. Mas ao contrário do seu predecessor, considerava que a vida de Jesus apresentava muitas semelhanças com os mitos de Osiris, de Mithra e de Átis.”



Pag. 31 – “Os principais resultados do estudo das origens cristãs durante mais de século e meio podem ser resumidos do seguinte modo:

1.    ....

2.    O exame concreto dos monumentos da literatura cristã primitiva permitiu estabelecer que os Evangelhos canônicos foram compostos durante o século II, [portanto, uma estória inventada do que teria ocorrido no século I] que foram reelaborados várias vezes e que a ordem cronológica da composição dos escritos Evangélicos não corresponde de maneira nenhuma à ordem que se encontra no Novo Testamento.”

3.    Quanto à realidade histórica de Jesus, questão que suscitou grande número de divergência e discussões, concluiu-se que os dados de que se dispõe estão longe  de a confirmar.”



E por aí à fora. Bom... Restam ainda 225 páginas para você ler. Cada uma mais bombástica do que a outra, mas se eu insistir, acabarei transladando o livro todo. Uma pena...

Entretanto vou concluir pra você: O cristianismo já vinha da era anterior a Jesus Cristo. Entrou no Século I vinculado ao cristianismo de Chrestus, o mestre da Justiça (ou Retidão) dos judeus essênios. Cujo dogma foi copiado de deuses anteriores, hindús e egípcios. Os tais arruaceiros e baderneiros que perturbavam o império romano. O Apocalipse foi escrito não se sabe por quem (já que existiam outros muigtos apocalipses anteriores, inclusive um dos essênios, e surgiu ainda no Século I, ano 68 por aí, mas desconhecia a figura de Jesus Cristo. Falava do Cordeiro de Deus que tinha sete chifres e sete olhos. Duas décadas depois, apareceram as primeiras epístolas de Paulo, tiradas não se sabe de onde, já que nenhum Paulo escreveu coisa alguma e já havia também tais cartas entre os essênios. Os primeiros documentos Bíblicos compostos foram os Atos dos apóstolos, a partir do ano 115 por aí. Sabe-se que não foi antes porque o Apologista Justino, nada escreveu sobre esses livros antes do início do Século II. Citou entretanto os Apóstolos sem vinculá-los aos livro da Bíblia. A partir da segunda metade do Século II, o Século III, e daí para adiante, a literatura dobre Jesus passou a ser farta.

Ora, a Igreja criou o mito Jesus a partir do segundo século e retroagiu a estória para mais de cem anos antes, de tal forma que ninguém podia provar nada. Claro, se não fosse assim todos iriam querer saber do tal Jesus. Não se cria mitos contemporâneos, ou não serão mitos. Você conseguiu entender o meu raciocínio?

Os mitos surgem do nada em épocas já passadas. Todos eles têm essa mesma característica. Começam como uma estória entre alguns místicos, que nem as nossa avó fazia quando nos contava estórias de assombração. Esse mito quando agradava ia se desenvolvendo, passando de boca em boca e acabava escrito, como nas estórias infantis. Para criarem o mito Jesus, usaram o mito Chrestus, que usou o mito Mitra, que usou o mito Horus, que usou o mito Krishna e assim até os confins do passado. São milhares de mitos criados pelo homem.

 Assim foi que no Século II criaram o mito Jesus Cristo retroagindo sua estória a mais de 100 anos antes. Por isso, nada existe sobre Jesus na época em que sua estória foi dada início, porque Jesus Cristo é um mito. Não existiu.



E tem mais!... Um mito nunca vem sozinho! Ele tem família, amigos, inimigos para poder desenvolver a sua estória e um lugar comum onde nasceu. Por exemplo, a mitologia grega nasceu na Grécia. A mitologia inca nasceu na América onde os incas viviam. A mitologia cristã, nasceu em Roma incluindo todos os personagens mitológicos mesclado aos reais, para dar mais autenticidade.

Veja Mitra, por exemplo: 1400 a.C.  até 68 a.C.

Mitra, o deus redentor dos persas, era o filho de Ormuzd e veio para salvar o homem. Era chamado de Senhor e nasceu em uma gruta, no dia 25 de dezembro. Sua mãe também era virgem antes e depois do parto. Uma estrela teria surgido no Oriente. anunciando seu nascimento. Vieram 3 magos com presentes de incenso, ouro e mirra, e adoraram-no. Mitra aos 29 anos começou a pregar, teve 12 discipulos e foi perseguido, disse coisas marcantes que está no livro sagrado zendavesta frases como “eu sou a maneira a verdade e a luz ”, seu dia sagrado era Domingo, teve uma ultima ceia com seus 12 discipulos onde lhes deu pão e vinho. Após ter sido morto, ressussitou 3 dias depois. O Sumo Sacerdote gritava para os crentes que Mitra ressuscitara, indo para o céu para proteger a humanidade.



E Krishna? 3500 anos a.C:

Na índia, temos Vishnu, um deus que se encarnou (krishna) para sofrer pelos pecados dos homens. Krishna é a 2ª pessoa da trindade hinduista. Foi igualmente um deus redentor, nascido de uma virgem pura e bela, chamada Devanaguy. Sua vinda messiânica, foi predita com muita antecedência, conforme se vê no Atharva, no Vedangas e no Vedanta. O Deus Vishnu teria aparecido à Lacmy, mãe da virgem Devanaguy, informando que a filha iria ter um filho-deus, e qual o nome que deveria dar-lhe. Mandou que não deixasse a filha casar-se, para que se cumprissem os desígnios de deus. Tal teria acontecido 3.500 anos a.C. no Palácio de Madura. O filho de Devanaguy, destronaria seu tio. Para evitar que acontecesse o que estava anunciado, Devanaguy teria sido encerrada em uma torre, com guardas na porta. Mas, apesar de tudo a profecia de Poulastrya cumpriu-se, "O espírito divino de Vishnu atravessou o muro e se uniu à sua amada". Certa noite, ouviu-se uma música celestial, e uma luz iluminou a prisão quando Viscohnu apareceu em toda a sua majestade e esplendor. O espirito e a luz de deus ofuscaram a virgem, encarnando-se. E ela concebeu. Uma forte ventania, rompeu a muralha da prisão quando Krishna nasceu. A virgem foi arrebatada para Nanda onde Krishna foi criado, lugar este, ignorado do rajá (rei da india). Os pastores teria recebido aviso celeste do nascimento de Krishna, e então teriam ido adorá-lo, levando-lhe presentes. Então, o rajá mandou matar todas as criancinhas recém-nascidas, mas Krishna conseguiu escapar. Aos 16 anos, Krishna abandonou a família e saiu pela Índia pregando sua doutrina, ressuscitando os mortos e curando os doentes. Todo o mundo corria para vê-lo e ouvi-lo. E todos diziam: "Este é o redentor prometido a nossos pais". Cercou-se de discípulos, aos quais falava por meio de parábolas, para que assim, só eles pudessem continuar pregando suas idéias. Certo dia, os soldados quiseram matar Krishna, quando seus discípulos amedrontados fugiram. O Mestre repreendendo-os, e chamou-os de homens de pouca fé, com e que reagiram e expulsaram os soldados. Crendo que Krishna fosse uma das muitas transmigrações divinas, chamaram-no "Jazeu", o nascido da fé. Jazeu Krishna. As mulheres do povo perfumavam-no e incensavam-no, adorando-o. Chegando a hora de sua morte, Krishna foi para as margens do rio Ganges, entrando na água. De uma árvore, atiraram-lhe uma flecha que o matou. Prometeu voltar.


Vamos continuar, ou você já desistiu?

3 comentários:

  1. Estamos em Setembro de 2013 e eu estou lendo esse excelente texto que escrevi em 2007, como parte do livro acima referido, hoje já na 18ª revisão.
    Um texto tão visceral e contundente que não necessita de nenhum acréscimo para se entender tudo a respeito do Mito Jesus, mas os cegos religiosos não conseguem enxergar nada disso, e só fazem contestar como se fossem muito espertos. Uma pena. Mas as coisas estão mudando... Eles que se cuidem.
    Meu abraço a todos do Site.
    Alfredo Bernacchi

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  2. Estamos em Setembro de 2013 e eu estou lendo esse excelente texto que escrevi em 2007, como parte do livro acima referido, hoje já na 18ª revisão.
    Um texto tão visceral e contundente que não necessita de nenhum acréscimo para se entender tudo a respeito do Mito Jesus, mas os cegos religiosos não conseguem enxergar nada disso, e só fazem contestar como se fossem muito espertos. Uma pena. Mas as coisas estão mudando... Eles que se cuidem.
    Meu abraço a todos do Site.
    Alfredo Bernacchi

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  3. Eu escrevi, antes de fazer o Login. Quando fiz o login apagou tudo.
    Deixo então, apenas o meu abraço afetuoso.
    Estamos em 2013. O referido livro escrito em 2007, já está na 18ª revisão e continua lindo!... rsrsrs.
    Alfredo Bernacchi

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