Zeitgeist: Por que Você Deve Passar Longe Desse Pseudo-Documentário

Um evento recorrente acontece de tempos em tempos: pessoas bem intencionadas aparecem aqui ou em outros sites e mencionam o filme Zeitgeist para tratar das origens do Cristianismo, dizendo como ele abriu seus olhos.
Tenho uma novidade para vocês: aquele filme é uma completa balela.
Antes, vamos começar do começo.


O filme Zeitgeist: The Movie foi lançado no outono de 2007 no Google Video por Peter Joseph. Essencialmente, o vídeo trata de três áreas de interesse: A primeira parte se chama “A maior história de todos os tempos” e avalia as crenças cristãs, dizendo se tratar de um amontoado de mitologias existentes, principalmente egípcia. Na segunda parte, chamada “O mundo todo é um palco”, trata de falar sobre como o governo dos Estados Unidos sabia dos ataques de 11 de setembro de 2001 de antemão e que houve uma conspiração para encobrir o fato de que teria sido um trabalho interno. Na última parte, “Ignore o homem atrás da cortina”, fala sobre uma conspiração para a dominação mundial por parte de banqueiros e líderes mundiais.
O grande problema do filme é que as alegações ou estão erradas completamente, ou usam argumentos que já foram desprovados anos atrás, ou possui alegações que são quase impossíveis de se verificar. O criador do filme inventou um monte de historietas com o objetivo de convencer as pessoas de verdades ocultas e atacou três frentes de interesse aos americanos. O filme segue uma receita específica para fazer barulho e convencer os menos céticos de que fala a verdade.
Edward L. Winston teve o trabalho de pesquisar e averiguar cada uma das alegações do vídeo. Ele destrincha o vídeo inteirinho, do comecinho ao fim. Percebe-se que o criador do vídeo faz um malabarismo muito grande para encaixar as descobertas a respeito da Bíblia em suas alegações astrológicas. A verdade é que apesar de haver sim certa simbologia astrológica na Bíblia, ela não é bem daquele jeito que aparece retratada. O filme chega ao ridículo de murmurar sobe a semelhança dos termos “God’s Sun = God’s Son”, que o próprio autor do vídeo cunhou, e que só funciona na língua inglesa que não era usada na época.
O grande problema da primeira parte não é o de tentar associar as crenças cristãs às crenças pagãs, até porque ela foi feita mesmo para facilitar a conversão dos povos e trazia elementos em comum com elas. O problema é que o filme é extremamente simplista e faz de tudo para dizer que o cristianismo é meramente um tipo de astrologia enfeitada, o que não é. Essa parte soa extremamente convincente, mas só se você não for verificar as alegações que ela faz.
Sobre a segunda parte, quando fala dos atentados de 11 de setembro, aquilo é um copy-paste de um outro filme, “Loose Change”. O filme já foi refutado por outras pessoas e é de uma ingenuidade preocupante. Não existe nenhuma evidência confiável que demonstre que tal atentado tenha sido um trabalho interno.
A terceira parte é uma balela completa e tenta te convencer de que você não precisa pagar impostos. Tente fazer isso e me diga o que acontece depois, quando a Receita Federal bater na sua casa.
O filme é extremamente perigoso porque faz com que os argumentos soem interessantes, o que pega desprevenidas as pessoas que não exercitam muito o ceticismo. É perigoso porque se uma pessoa deixar de acreditar no cristianismo por conta do filme e alguém lhe refutar convincentemente, ela pode achar que o cristianismo é algo de verdade.
Existem fatos no filme, mas nunca foi difícil misturar fatos com histórias enfeitadas. Peter Joseph é só um babaca que acredita em coisas absurdas, bem como as que combatemos quando discutimos religião com os crentes que aqui aparecem.
Agora que o filme tá manchado pela crendice cega e pela ausência de ceticismo, podemos deixá-lo de lado?

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