Ateus, às Armas

Nós rimos, choramos, sorrimos, falamos, comemos, cagamos, bebemos, transamos.
Nós temos avós, pais, irmãos, filhos e netos.
Nós fazemos parte da sociedade tanto quanto os outros.
Mas ainda nos vêem como aberrações, indesejáveis e inomináveis.

A alguns, ateu é a maior ofensa existente.
A alguns, ateus são criminosos podres dignos de pena de morte.
A alguns, são pobres coitados desenganados pela vida.
Mas ainda estamos aqui, e viemos pra ficar.

Somos os sans-culottes das crenças.
Somos produto da sociedade atual.
Somos herdeiros de filosofias antigas.
Mas ainda nos escondemos, em armários sombrios e metafóricos.



Podem babar sangue quando nos virem.
Podem vomitar mentiras e calúnias.
Podem nos apedrejar e nos queimar em fogueiras.
Mas ainda não puderam nos calar, pois idéias são à prova de balas.

Negam nossos direitos.
Negam nossas contribuições.
Negam nossa história.
Mas ainda não conseguiram nos negar a humanidade, que somos humanos.

Nós somos os ateus.

Cabe a nós mudar o mundo que nos cerca e nos agride a cada esquina, a cada vídeo do YouTube, a cada sermão, pois este mundo também é nosso e é o único que existe. Ateus, às armas!

Armas? Guerra? Se as guerras santas matam, façamos uma guerra profana - sem tiros, sem mortes, guerra sem guerra. Pois nossas armas não são fuzis ou tacapes, mas foram forjadas no lento fogo do conhecimento humano. São bandeiras e palavras, são ciência e tecnologia, são laicismo e ceticismo.

Convoco à guerra profana todos os ateus e quem mais quiser se aliar!

Vamos explodir nossos armários, eles são inúteis!
Vamos erguer nossas cabeças, quem se encolhe leva chute na cara!
Vamos jogar água nas fogueiras da Inquisição, não queremos mais carrascos!
Vamos escrever nossa história, para podermos contá-la aos nossos filhos!

O fato de sermos ateus não nos faz melhores ou piores que ninguém, mas nos faz o que somos!
Que nos respeitem por isso!

Vamos às armas pelo direito de recostar nossas cabeças nos travesseiros e cada um dizer: "sou ateu, e sou feliz".